quarta-feira, 26 de maio de 2010

Formação do sistema imune no embrião

Olá, amantes da imunologia!
Para começarmos devemos fazer primeiro uma pequena distinção da imunidade em animais superiores. Sabemos que a imunidade se divide em inata ou inespecífica (contando com barreiras anatômicas, fisiológicas, fagocíticas e inflamatórias) e imunidade adaptativa, ou específica (com os linfócitos). Mas como essas barreiras celulares surgem? Hoje iremos tratar dos componentes celulares de tal imunidade, como é formado, seus componentes, curiosidades.
Para tanto, devemos voltar no início de tudo. Na fecundação. Se pararmos para analisar o sistema imunológico de uma fêmea, veremos que ela é adulta, tem seu sistema imunológico já formado, sistema imunológico este que reconhece os organismos estranhos.
Ora, mas não seria o feto um organismo estranho ao corpo da mãe, já que 50% do seu DNA vem de outro ser?
Sim. Realmente, o feto é um organismo estranho. Mas ele é parcialmente isolado do corpo da mãe através da placenta, que funciona como um filtro semi permeável que permite a troca gasosa e a passagem de nutrientes.
Os mais curiosos não ficarão contentes com essas informações. Responderão em comentários aqui no blog: "mas só?"
Não, caros colegas! A teoria mais aceita no meio acadêmico atualmente, sugere que, durante a gestação, o reconhecimento de uma molécula presente no tecido trofoblástico do embrião, a HLA-G, por uma célula chamada natural killer (NK) que está presente numa faixa de 15% dos linfócitos e tem como característica não apresentar linfócitos T ou B. A NK ativa a produção de Th2, a T helper 2, que secretará uma série de interleucinas que impedirão a rejeição do embrião pelo organismo da mãe.
Parece complicado, mas na verdade é muito simples e rápido. A ativação da Th2 leva apenas 6 dias depois do embrião fixado na parede do útero!



Embrião humano com 6 dias - ele nem desconfia que foi salvo por uma natural killer.

Então seguimos, com o nosso feto se desenvolvendo de maneira normal, dentro de sua placenta...
Então, novamente vamos a uma diferenciação efetiva nos tecidos do feto, que a essa altura tem mais ou menos duas semanas.
Agora vamos nos focar um pouco na imunidade humoral e celular, deixando as barreiras inatas, ou inespecíficas, para o próximo post.
Em nosso embrião teórico há então a formação da mesoderme, um folheto embrionário responsável pela formação dos sistemas muscular, circulatório, às glândulas endócrinas e às gónadas.
A partir do 5 mês de gravidez, os linfócitos começam a aparecer e as células hematopoiédicas migram para as medulas ósseas onde se dividirão (através de citocinas e fatores de crescimento) em duas grandes matrizes: a mielóide e a linfóide.
A mielóide dará origem a eritrócitos, plaquetas, granulócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos), mastócitos e os monócitos, enquanto a linfóide dará origem a linfócitos T e B e células NK (natural killer).


Esquema simplificado da formação de células do sistema imune.

Então nosso feto já está se desenvolvendo com seu sistema imune praticamente todo formado. Que orgulho!
E o melhor é que essa forma de defesa do sistema imune é quase que comum a todos os animais ósseos e que portanto realizam a hematopoiese.
A título de comparações podemos falar de outros animais, como por exemplo, os marsupiais. A alguns anos atrás se acreditava que marsupiais eram animais com sistemas imunlógicos primitivos, o que hoje, depois do projeto genoma com um marsupial brasileiro, a cuíca, provou-se falso. Isso porque a cuíca mostrou que tem uma ampla gama de genes imunológicos, muito parecidos com os dos animais placentários. Derrubando o mito de que todo o sistema imune desses animais é adquirido.


Cuíca - um marsupial brasileiro cuja mapeação do genoma derrubou o mito de que "marsupiais tem sistema imune primitivo".

Para aqueles que se perguntam sobre outros animais, as células fagocitárias estão presentes em praticamente todos os animais através de fagócitos, no entanto, linfócitos só aparecerão com o surgimento de baço ou timo e anticorpos, o que acontece apartir dos peixes cartilaginosos.


Peixes cartilaginosos: o aparecimento do baço já denota um salto na evolução do sistema imunológico, com o aparecimento dos linfócitos.

Esperamos que o post tenha sido completo! Duvidas e sugestões, já sabem, comentários!
Próximo post entraremos mais nos papéis desempenhados por cada barreira do nosso sistema imunológico e a formação das nossas barreiras inespecíficas, divididas entre barreiras anatômicas, fisiológicas, fagocíticas e inflamatórias!
Curiosos? até quinta! ;D

2 comentários:

  1. AMEI O TRABALHO D VCS!!!! Muito bom msm!!!
    Bom,se possível, gostaria q vcs post sobre sistema ABO e RH, técnicas de classificação sanguínea c provas direta e reversa, pesquisa de anticorpo irregular (P.A.I.), coombs direto e indireto, princípio dos imunoensaios, principais técnicas e suas aplicações: reação de precipitação, aglutinação, imunofluorescência...
    Se fosse possível gostaria de receber no meu email.
    Grata pela atenção e compreenção!
    Dicdai
    meu email:
    (dicdai7@hotmail.com)

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