Doenças congênitas são problemas que atingem o recém nascido antes do nascimento ou num curto período após o parto. Normalmente podem apresentar variadas extensões, desde má-formação, retardo de crescimento intra-uterino, deficiências funcionais e até culminar em um aborto.
A maioria das doenças hereditárias são congênitas, no entanto o contrário não é tão comum.
No geral, esse tipo de problema ocorre naturalmente, mas sua incidência pode estar relacionada a fatores genéticos, ambientais ou multifuncionais.
As anomalias genéticas, por exemplo. Toda raça apresenta mais ou menos predisponibilidade para determinadas doenças, tais como fenda palatina, polidactilia, polimelia e sindactilia. Muitas destas má formações, atualmente, não carregam quaisquer pontos negativos para a formação do sistema imune do feto. Na verdade, a maioria dos animais que são acometidos destes tipos de anomalia são abatidos ou eutanasiados apenas por motivos estéticos.
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Ectrodactilia - uma doença congênita genética.
Existe também a possibilidade das anomalias genéticas gerarem dois tipos distintos de anomalias:
O quimerismo e o mosaicismo. O quimerismo é quando dois embriões distintos se fundem enquanto o mosaicismo é quando um mesmo indivíduo apresenta também duas linhagens distintas de células, mas estas sendo resultantes das mutações nas células de um único embrião. O interessante sobre esses fenômenos é que aparentemente, o quimerismo é gerado por uma anomalia no sistema imune da mãe, que acaba resultando em uma anomalia congênita para o feto.
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Durante as nossas pesquisas, chegamos a resultados surpreendentes! É que em pessoas que apresentam GHVD(doença enxerto-versus hospedeiro), como a esclerose sistêmica apresentam um número aumentado de TCD4+ em, feridas na pele com um consequente aumento da população de células resultantes do TCD4+, a TH1 E A TH2, distintas pela qualidade das citocinas produzidas. E acontece que isso é exatamente a mesma coisa que ocorre no microquimerismo! O que sugere que essa anomalia está relacionada sim, com algum tipo de anomalia do sistema imune.
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Outro tipo de quimerismo é o que ocorre em gêmeos dizigóticos. Se ocorre a anastomose placentária, isto é, aunião das placentas, há consequentemente a troca de material circulatório. E isso se dá antes que o sistema imune atinja a imunocompetência, criando indivíduos com imunotolerância permanente.
As consequencias desse quimerismo para animais é praticamente nula. Eles podem sim ter vidas normais. E como devemos ter deixado trasnparecer em nosso blog somos a favor da vida dos nossos pacientes! Risos... Apesar de que, animais com quimerismo ou qualquer outra anomalia genética que cause IMPACTO VISUAL seja abatida e descartada em rebanhos de produção.
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Continuando com essa linha de doenças congênitas, chegamos a uma doença que é muito interessante e deve ser conhecida de todos aqueles felizes proprietários de gatinhos: a panleucopenia felina.
Transmitida através de fezes ou mucosas de gatos infectados, a panleucopenia felina é sim tratável se detectada nos estágios iniciais. É que tal doença ocorre velozmente. O vírus que penetra o animal (normalmente pelo focinho, olhos ou boca), começa a se alojar e se reproduzir em órgãos onde a divisão celular ocorre velozmente, como medula óssea, intestinos e gânglios linfáticos. A partir dai o animal sofre uma queda brusca nos glóbulos brancos, deixando o sistema imune fragilizado e propicio para o aparecimento de infecções e bactérias opportunistas. O gato então sofre perda de apetite, diarréia, vômitos, falta de ânimo. Mas não é só! A panleucopenia felina é responsável também por hipoplasias cerebelares quando congênita.
Mas calma! Para nossos fãs que não são estudantes de veterinária explicamos: a hipoplasia é a diminuição de um tecido. Pode ocorrer por radiação, anomalias genéticas ou má formação em decorrencia de infecção viral, como é o caso que estamos citando. E o cerebelo é responsável pela cordenação motora fina. Como o descer de uma escada ou o segurar de um lápis.
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Gatinhos com hipoplasia cerebelar são muitas vezes sacrificados - sem razão. A hipoplasia cerebelar não impede que o animal tenha uma vida normal e ativa, como a de todos os gatinhos! E lembrem-se a vacina tríplice felina protege sim contra a panleucopenia felina!
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Neste vídeo a apresentação de um simpático gatinho - Charley, que sofre de hipoplasia cerebelar em decorrência de uma panleucopenia: Preconceito não!
No caso dos gatos existe ainda uma doença que atinge o sistema imune e pode ser congênita: a AIDS felina. Causada pelo vírus da imunodeficiência felina (VIF), a AIDS felina age da mesma forma que o vírus da aids em humanos: atacanto a CD4+T, também conhecida como célula T ajudante, ou T HELPER 4+. E lembram-se o que essas células fazem? Ativam macrófagos, linfócitos T e linfócitos B. Ou seja, todo o sistema imune... Então um problema com a CD4+T significa um sistema imune deficiente que acabará cedendo a infecções oportunistas. A panleucopenia felina não tem cura conhecida AINDA e pode ser transmitida pela placenta ou colostro da mãe ao ter o filhote.
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Outra particularidade dos pequenos animais é o TVT - muito conhecido de nós, estudantes e veterinários. O tumor venéreo transmissível, o temido TVT é um tumor transmissível pelo contato sexual. A massa tumoral encontra-se nos órgão genitais e ao passar pela vulva, o filhote entra em contato com aquelas células, adquirindo então o tumor. Normalmente póde ser tratado por homeopatia, quimioterapia e cirurgia para retirada de massas tumorais.
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E lembram-se do que falamos post anterior? Água contaminada com bactérias, vírus, fungos, ambientes sujos contaminam também o filhote! Esse é o fator ambiente. Um ambiente bem cuidado resulta em melhores possibilidades de saúde e desenvolvimento sadio e forte para o animal.
É isso, gente!
Beijos, até o próximo post, quando trataremos sobre doenças hereditárias!
Equipe Imunologando.
Olá! A título de curiosidade, o cão da foto no caso da ectrodractilia é de minha propriedade. Seu nome é Zeus, está com 6 anos e 12 quilos. Sua pata foi operada pelo pessoal da UFRGS e ela é parcialmente funcional. Ele a usa para brincar e correr, segurar objetos, mas a recolhe para caminhar, pois ela ficou mais curta. Um grande abraço e parabéns pelo Blog.
ResponderExcluirOlá! A título de curiosidade, o cão da foto no caso da ectrodractilia é de minha propriedade. Seu nome é Zeus, está com 6 anos e 12 quilos. Sua pata foi operada pelo pessoal da UFRGS e ela é parcialmente funcional. Ele a usa para brincar e correr, segurar objetos, mas a recolhe para caminhar, pois ela ficou mais curta. Um grande abraço e parabéns pelo Blog.
ResponderExcluirEm tempo, meu e-mail: sergio_guterres@yahoo.com.br