quinta-feira, 29 de julho de 2010

Deficiências nutricionais e doenças relacionadas

Olá seguidores do imunologando! Já estamos terminando o mês,mas ainda teremos muitos assuntos legais para tratar, essa semana falaremos sobre Deficiências nutricionais.e alguns problemas que elas podem causar.


Animais com deficiência de ferro


Uma das causas mais importantes de doenças e mesmo deformações em neonatos é a deficiência de nutrientes básicos para o desenvolvimento desse feto. A privação de determinados alimentos que contém vitaminas, aminoácidos e íons fundamentais para a composição do organismo representam um grave risco para o neonato e sua mãe, que, durante a gestação, aumenta consideravelmente os constituintes do sangue, o gasto energético, além das necessidades extras, não tão requisitadas anteriormente, como o consumo de ácido fólico, que interfere na divisão celular e transmissão de traços hereditários, na formação e maturação dos eritrócitos e leucócitos.
A primeira relevante função do ácido fólico (também conhecido como vitamina B9) na gestação é a sua ação integrada com a vitamina B12, que auxilia na renovação dos glóbulos vermelhos, que terão sua circulação intensificada, passando pelo organismo materno e do feto. Dessa forma, a ausência de ácido fólico está associada a anemias durante a gestação e futuramente no neonato. Entretanto, durante a primeira fase da gravidez, quando há grandes modificações e desenvolvimento no embrião, o ácido fólico e vitamina B12 podem levar a formação de espinha bífida, uma malformação na coluna vertebral ou defeitos no fechamento do tubo neural, que comprometem as funções neurológicas do feto.



Espinha bífida


A falta de ferro na gestação é fonte de sérias anemias, não apenas nas mães, mas como também nos fetos, que podem nascer com anemia neonatal ferropênica. O neonato pode sofrer com uma diminuição de oxigênio nas células, devido à baixa concentração de hemoglobina no sangue, e nascer com baixo peso e ter dificuldades para chegar ao peso ideal, dificultando o desenvolvimento de seu sistema imunitário, podendo ser gravíssimo para o animal que ainda luta para ter seu sistema imune independente da mãe.



Anemia macrocítica por deficiência de vitaminas(B12 e ácido fólico), imagem de retina



O zinco também é um mineral muito importante para o desenvolvimento animal, e é ainda mais necessário durante a gestação, onde sua absorção e utilização são aumentadas. Ele é requerido na síntese de DNA e RNA, que estão ocorrendo intensamente na gestação e formação do feto, sendo, dessa forma, importante até mesmo na cicatrização de tecidos. O zinco também desempenha importante papel na síntese protéica, tendo papel fundamental no sistema imunológico tanto do feto e neonato quanto no materno. A falta de zinco, para o neonato, pode retardar seu crescimento físico e a maturação do sistema imunológico, podendo tornar o neonato mais suscetível ao ataque de patógenos.


Mas vocês já pensaram como a alimentação pode contribuir ou debilitar o sistema imune?


Deficiência de zinco pode causar hiperqueratose do coxim e nasal.



Podemos afirmar que a função imunológica é seriamente reduzida quando os níveis plasmáticos de zinco estão baixos. Conforme previamente apresentado, o mecanismo de ação da imunoestimulação que o zinco exerce é complexo, embora a estimulação do hormônio do timo ( o qual o zinco é um cofator essencial) pareça ser o mais importante.

O timo é indispensável para diferenciação celular dos timocitos (células T jovens). As células do tecido epitelial secretam os hormônios do timo, influenciando a maturação dos timócitos e a atividade desses hormônios é diretamente dependente de zinco (Sprietsma,1993).

A deficiência de zinco, mesmo temporariamente, pode causar uma troca da principal atividade imune Th1 celular para resposta Th2 humoral, levando ao desenvolvimento negativo de muitas doenças (infecciosas) e, possivelmente, induzindo alergia (alimentar).

A suplementação com zinco pode restaurar as funções das células T, as quais são altamente zinco-dependente e, portanto, prejudicadas quando os níveis de zinco diminuem (Sprietsma a., Sprietsma b., 1993, Sprietsma c., 1994, Sprietsma d., 1994, Sprietsma e., 1988, Sprietsma f., 1993).

Dependendo da concentração, o zinco também protege significativamente as células da necrose e apoptose (Sprietsma a., Sprietsma b., 1994, Sprietsma, 1993, Bashford, 1986), resultado de infecções e outras formas de stress, o que leva a um aumento anormal da liberação de Interleucina 1 (IL1), especialmente quando o zinco está insuficiente (Sprietsma, 1997).

Concluindo o zinco é essencial para a manutenção do sistema imune, especialmente para a função, maturação e diferenciação das células T (Odeh, 1992). A ingestão dietética de zinco aumenta o número de células T circulantes, enquanto que sua deficiência diminui a função dessas células. A deficiência de zinco também causa atrofia do timo e nódulo linfático e pode exercer um efeito prejudicial na replicação celular, todos esses processos estão envolvidos na resposta imonológica.


















Tabela de absorção de zinco no organismo e de sua utilização sistêmica.

Além da deficiência de zinco, há também a deficiência de outras vitaminas que afetam o sistema imunológico direta e indiretamente: a vitamina A, a vitamina C, a vitamina E, selênio e alho por exemplo.

A vitamina A é importante por aumentar a densidade das membranas mucosas. Vamos pensar juntos. Se nossas membranas mucosas estão com uma densidade reduzida, estamos então, mais propensos a desenvolver infecções, já que boca e vias aéreas são áreas de entrada de microorganismos.
Agora pensemos o que acontece com um organismo gravídico. Lembram-se que comentamos como as defesas do organismo de um animal gravidico estão reduzidas para permitir que a gravidez continue? Agora vamos pensar como o organismo estará após uma infecção. Debilitado, com um sistema imunológico fraco, sucetível a infecções oportunistas. O que pode ser mortal para o feto ou neonato.
Além disso, a deficiência de vitamina A pode causar a cegueira noturna. Uma patologia causada pela avitaminose, causando a má formação da retina.
Mas algo mais relacionado com o imunologando e a falta de vitamina A são as hiperplasias e metaplasias, que se disseminam no organismo deficitário de retinol, ou vitamina A.

Monovim A - um remédio que auxilia na reposição de vitamina A para animais com deficiência dessa vitamina, dado sua importância para o sistema imune.

Além da vitamina A, temos a vitamina E e a vitamina C.
A vitamina E e a vitamina C são responsáveis, basicamente, por evitar a peroxidação lipídica, ou seja, evitando a oxidação excessiva de membranas e lipídios no organismo, o que, pode resultar em oclusão de vasos, infarto do miocárdio, etc. Além de lutar contra radicais livres,

Vitaminas E - anti oxidante



Vitamina C - poderoso anti oxidante.


Radicais livres - Destroem as células fazendo que o sistema imune as reconheça como estranhas e as lise, ou destruindo seu DNA, deixando impraticável a vida celular.

O selênio é um composto macromolecular importante para a prevenção cancerígena, como suferem alguns estudos recentes, e para a diminuição da viscosidade sanguínea, dimuindo a quantidade de coágulos e reduzindo chances de infartos ou aneurismas.


É isso pessoal! Semana que vem tem mais, continuamos esperando sugestões de temas e comentários, participem!
Equipe imunologando.

sábado, 24 de julho de 2010

Profilaxia

Já que a equipe do imunologando tem prova essa semana, decidimos tratar de profilaxia de algumas doenças já mencionadas em outros posts para relembrá-los e termos mais tempo pra estudar, mas não se preocupem, vocês vão gostar!!



Profilaxia: meios a evitar as doenças ou a sua propagação. Uma doença tem um ou mais agentes causadores. Estes necessitam de alguma maneira interagir com o organismo para gerar a doença. Toda e qualquer medida que procure impedir esta interação pode ser chamada de medida profilática.


Diarréia neonatal : controle por meio de vacinas específicas que previnam contra os agentes, vacinar as mães no final da gestação, transferência de anticorpos aos recém nascidos por meio do colostro. Desinfectar o umbigo dos recém nascidos. Medidas de higiene e manejo, realizar o parto em área limpa e fazer a higiene do ubere e da vulva antes do parto.












Edema de mesocólon de leitão com C.difficile,causador da diarréia neonatal , bezerro morto por diarréia neonatal.



Rotavirus: as práticas higiênicas tradicionais e universais como lavagem de mãos, controle da água e dos alimentos, destino adequado dos dejetos e do esgoto, tão importantes na profilaxia da gastroenterite por outros patógenos. Nesse sentido, o estímulo ao aleitamento materno teria fundamental importância pelos altos níveis de anticorpos contra o rotavírus. A utilização de vacina eficaz permanece como a medida profilática de maior impacto contra a diarréia por rotavirus.

Imagem rotavírus


Leucemia Viral Felina: É um vírus que pode causar uma neoplasia (câncer), é transmitido de gato para gato por contato direto ou congenitamente e está presente na saliva. Gatos podem apresentar infecções subclínicas e desenvolver imunidade ao vírus ou se infectar de forma persistente. Problemas e sinais clínicos: normalmente, a doença é marcada por anemia, letargia e disfagia, o linfossarcoma no medistino pode causar dispinéia, disfagia deslocamento do esôfago e órgãos toráxicos. Na sua forma abdominal causa frequentemente enterites e a síndrome da malabsorção, uremia (rins), nos fígados causa principalmente icterícia. E na forma multifocal os dados são quase irreversíveis onde se espalha pelo corpo todo, podendo até atingir o canal medular (espinha). Profilaxia: vacinação, controle e eliminação de gatos doentes ou positivos. O tratamento e a base de quimioterapia intensa.



Vírus da leucemia viral felina


Gente, essa semana o post foi curtinho, mas quinta que vem falaremos bastante de deficiências nutricionais!! Até lá, equipe do imunologando.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Doenças em neonatais causadas por vírus e outras causas

Oi, gente!
Para dar continuidade ao nosso assunto vamos tratar hoje de doenças neonatais causadas por vírus e outras causas.
Bem, como sabemos, o organismo animal possui as barreiras físicas necessárias para impedir a entrada de muitos microorganismos, mas nós sabemos que ela não é totalmente eficiente, por isso as doenças surgem. Essas doenças podem ter origem bacterial,fúngica ou viral. Nessa semana vamos falar sobre alguns vírus que atacam nossos filhotes e como seu sistema imune se defende desses vilões.

A grande maioria dos patógenos, células tumorais ou infectadas por vírus são atacadas pela resposta mediada por células.
Na resposta imune celular (RIC) contra vírus ocorre migração dos invasores para linfonodos satélites e apresentação de antígeno pelos macrófagos a células T helper, que se multiplicarão e também haverá formação de células T de memória, capazes de armazenar informações sobre o antígeno que foi apresentado. Essa “lembrança” será útil em uma segunda exposição a esse mesmo antígeno, para que possa ser rapidamente reconhecido eliminado.


Esquema de formação de linfócitos T.


Os macrófagos que estimulam a produção de linfócitos T helper-1 (LTh-1),também estimulam a exocitose de IL-1, responsável por ativar os LTh-1 para aumentarem sua própria população e seu metabolismo.Um grande número desses linfócitos irá produxir IFN-gama que tem efeito na ativação da fagocitose e na expressão de MHC-classe II em macrófagos.

Esquema de células do esquema imunitário que secretam IFN- gama.

Numa infecção viral, além dos antígenos serem apresentados a LT-helpers, os LTc são apresentados de forma direta ao chegarem nas células infectadas. Na síntese de MHC-1, quando suas cadeias que acabaram de ser sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso e estão sendo transportadas para a superfície, ocorre uma fusão com uma vesícula que contém peptídeos virais intrínsecos da célula. Ao chegar à superfície, o MHC-1 tem na sua cadeia de aminoácidos esses peptídeos virais, o receptor CD8 dos LTc se encaixa a seu sítio de ligação lateral e o TCR dos LTc é capaz de identificar a cadeia estranha e desencadear o ataque à célula.

Exemplos de vírus que causam infecções celulares.


Doenças neonatais podem ter etiologias muito variadas. Dentre elas, temos as de origem por infecção de microorganismos, como doenças virais em neonatos. Ao sair do útero materno, o neonato deixa um ambiente asséptico para enfrentar o assedio de milhoes de causadores de infecções! Qualquer espécie pode ser submetida a essas infecções, entretanto, cada uma possui doenças virais específicas mais frequentemente observadas.

Em bovinos, a mais recorrente é a diarréia neonatal em bezerros. Agentes enteropatogênicos, bactérias (Escherichia coli, Salmonella sp, Clostridium perfringens) e especialmente vírus (rotavírus e coronavírus) causam grande perda de líquidos e eletrólitos corporais, levando a uma desidratação que, dependendo do grau, pode levar à diminuição de peso, havendo a possibilidade de evoluir para um choque hipovolêmico, levando o animal a óbito.

E. coli - causa comum de diarréia bovina em neonatos.

Nas infecções por coronavírus, os animais apresentam sinais de fraqueza, depressão, dificuldade ao mamar, e as fezes com muco e leite coagulado. A enfermidade costuma atacar animais a partir dos sete dias de idade até três semanas de vida.
As infecções por rotavírus sao detectadas por depresão leve, salivação, relutância para mamar e parar de pé, diarréia aquosa amarelada. A disseminação entre outros neonatos é rápida, por iso preocupante, especialmente porque os animais mais afetados são aqueles com menos de 10 dias de idade (tempo em que o neonato ainda está em adaptação sísica e imunológica). A contaminação por rotavírus se dá por ingestão de material fecal contaminado.
Corona vírus - micrografia eletrônica.

O surto da rotavirose depende diretamente da presença de anticorpos transferidos passivamente, e animais que recebem colostro em tempo hábil ficam bastante protegidos da infecção.

Em felinos, a preocupação com a Leucemia Viral Felina é relativamente alta. É causada por vírus do gênero Gammaretrovirus, e pode ser classificado como um oncovírus chamado Felv. Pode acometer felinos adultos, mas os neonatos possuem muito menos resistência, especialmente gatos domésticos (curiosamente, a incidência em felinos é menor, aparentando certa resistência).
O vírus Felv pode causar sérias doenças como leucemias, linfomas, linfossarcomas, fibrossarcomas, imunossupressão e abortamentos, logo, podemos notar sua estreita relação com o ataque a elementos do sangue e do sistema imune. Isso se explica ao observarmos o desenvolvimento do vírus, que ao entrar no organismo, inicia o processo com a replicação nas tonsilas e linfonodos do animal. Ele infecta pequenas quantidades de linfócitos B circulantes e macrófagos, que disseminarão o vírus para todo o organismo, com a posterior replicação do Felv no baço, tecidos linfóides associados ao intestino, linfonodos, células epiteliais das criptas intestinais, e células precursoras da medula óssea. Há então liberação de neutrófilos e plaquetas infectados da medula óssea para o sistema circulatório, se disseminando para diversos tecidos, inclusive tecidos da glândula salivar e bexiga. Dessa forma, a disseminação da doença se dá pelo contato da urina ou saliva que, entre a mãe e o neonato, o contato é praticamente imediato. Em gatas prenhas infectadas, o vírus leva a morte e absorção fetal no primeiro terço da gestação(2 – 3 semanas). Também provoca morte fetal e abortamento, com conseqüente involução da placenta, com cerca de 5 – 7 semanas de prenhez.
Células infectadas por FELV - vírus da leucemia felina.

Bom, é isso pessoal! Esperamos que vcs tenham gostado!
Próximo post falaremos da profilaxia de várias das doenças aqui, já que sempre usamos o 4o. post do mês (quando temos prova) para fazermos uma breve revisão dos assuntos tratados!

Até a próxima!
Equipe Imunologando

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Doenças hereditárias

Ola, gente!
Pedimos desculpas pelo atraso da nossa última postagem, andamos ocupadas e com alguns contratempos, mas sempre atualizamos!
Continuando a falar sobre os principais tipos de patogênias e patologias relacionadas ao sistema imunologico de fetos e neonatos, hoje daremos início ao tópico de doenças hereditárias.
Doença hereditária é toda e qualquer doença transmitida genéticamente de pai para filho, ou de geração para geração, já que nem toda doença tem transmissão direta (ou dominante).
Dentre as doenças hereditárias mais comuns, podemos citar a catarata. A catarata é uma doença comum a todas as raças, principalmente em animais mais velhos e/ou com diabetes, porém quando ocorre em animais jovens normalmente tem origem hereditária.
Ela é caracterizada pelo endurecimento da lente, que altera a transparência da mesma, dificultando a visão.

Animal com catarata: doença hereditária comum.

Por falar em diabetes, a diabetes mellitus do tipo 1 é outro exemplo de doença hereditária, caracterizada pela disfunção da produção de insulina pancreática.
Outros bons exemplos de doenças hereditárias são o ectrópio e entrópio são doenças relacionadas à alteração da pálpebra, normalmente a inferior. No primeiro caso, a pálpebra se afunda expondo o globo ocular. No segundo a modificação no formato da pálpebra se voltando para dentro favorece o contato dos cílios e pêlos com a córnea, causando problemas na visão. Normalmente se manifesta quando o cão completa um ano de vida, e sendo grave deve haver correção cirúrgica.
Cão com entrópio - Doença genética em que a pálpebra inferior se volta pra dentro.

O glaucoma, conhecida doença de proprietários de pequenos animais, é uma doença caracterizada pelo aumento da produção de humor aquoso ou dificuldade na drenagem desse líquido produzido, causando muitas vezes o aumento da pressão ocular, que durante um tempo prolongado podem lesionar o nervo optico e tecidos oculares.
Olho de cão com glaucoma - Mais uma doença hereditária relacionada com visão ou olhos.

Tratando mais especificamente do nosso tema, as patologias ou doenças relacionadas com o sistema imunológico, podemos citar as mais conhecidas: as alergias.
As alergias são disturbios do sistema imunológico, que reage com uma hipersensibilidade local ou sistema a um patógeno.
Podemos classificar as alergias como 4 tipos:
- Alergia do tipo I ou hipersensibilidade mediada pela IgE (de reação imediata);
- Alergia do tipo II ou hipersensibilidade mediada por anticorpo (citotóxica);
- Alergia do tipo III ou hipersensibilidade mediada por imunocomplexo;
- Alergia do tipo IV ou Hipersensibilidade mediada por células (linf. T) ou retardada;
Alergias podem ter várias causas.

A rinite alérgica, um tipo de hipersensibilidade mediada pela IgE (alergia I) é conhecida de veterinários que trabalham com produção, pois afeta o desempenho muscular dos animais. Existem relatos de rinite alérgica que agravam o quadro de animais que estavam sofrendo de ataques de asma (outra alergia do tipo I).
A rinite alérgica, por ser relativamente comum no dia a dia do médico veterinário, precisa ter seu mecanismo compreendido. O mecanismo de funcionamento da rinite alérgica é o seguinte:
Em todas as alergias do tipo I, os anticorpos IgE se ligam aos mastócitos, que após essa ligação começam a se granular, ou seja, produzirem grânulos cheios de histamina.
Depois, um anticorpo multivalente se liga as IgEs e promove a degranulação dos mastócitos e sua consequente ativação, ou seja, esses grânulos são liberados dos mastócitos para o meio, promovendo vasodilatação (para a chegada de outras células imunológicas), permeabilidade vascular (para que células apresentadoras de antígenos possam chegar a órgãos linfóides e para permitir a passagem de anticorpos) e inflamação tissular (com a presença destes outros sintomas).
Até ai estamos falando de organismos normais.
Então em um organismo alérgico...
A produção de histamina é excessiva em órgãos envolvidos com a presença desse antígeno. Pessoas alérgicas a poeira por exemplo, tendem a ter essa resposta imunológica nas vias aéreas superiores e inferiores.
Para tratar alergias locais e sistêmicas do tipo I, ´comum que o médico veterinário sugira unguentos, cremes, pomadas, ingestão de medicamentos que visam diminuir a produção de histamina, bem como tratamentos com medicinas alternativas, das quais a homeopatia costuma ser mais indicada.
Alergia do tipo I - mecanismo de ação. A alergia do tipo I é bastante comum em animais de estimação e de produção.

Na alergia do tipo II ocorre quando o antígeno está aderido a célula, o que promove uma cascata de reações que culminam com a destruição da célula. Esse tipo de alergia é comum tanto em animais de produção quanto de compania, e ainda mais comum em alergias alimentares, que geralmente se manifestam no trato gastrointestinal.

A alergia do tipo III ocorre quando o alérgeno forma um complexo com os anticorpos e é fica depositado em tecidos, ativando o sistema do complemento e a cascata de reações que culminarão na alergia dos tecidos cutâneo e subcutâneo da onde o complexo está inserido. São alergias do tipo III doenças auto imunes, alergias alimentares, como colites e dermatites.

Artrite reumatóide em cães - exemplo de doença auto imune, hipersensibilidade do tipo III.

Já a alergia do tipo IV é local e acontece no local onde o antígeno entrou em contato com o animal. É comum animais com alergias a picadas de insetos e que apresentam inflamação local, prurido e inchaço em regiões com picadas.

Animais podem apresentar alergias a insetos.

Bom, é isso, gente.
Esperamos que o post de hoje tem sido legal e esclarecedor!
Deixem seus comentários e até a próxima, onde trataremos de doenças imunológicas relacionadas a vírus e causas variadas!
Até quinta!
Equipe imunologando.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Doenças Congênitas

Olá, gente! Sempre pegando o fio da meada do post anterior, neste post trataremos sobre um dos fatores que afetam diretamente a imunologia veterinária: As doenças congênitas.
Doenças congênitas são problemas que atingem o recém nascido antes do nascimento ou num curto período após o parto. Normalmente podem apresentar variadas extensões, desde má-formação, retardo de crescimento intra-uterino, deficiências funcionais e até culminar em um aborto.
A maioria das doenças hereditárias são congênitas, no entanto o contrário não é tão comum.
No geral, esse tipo de problema ocorre naturalmente, mas sua incidência pode estar relacionada a fatores genéticos, ambientais ou multifuncionais.
As anomalias genéticas, por exemplo. Toda raça apresenta mais ou menos predisponibilidade para determinadas doenças, tais como fenda palatina, polidactilia, polimelia e sindactilia. Muitas destas má formações, atualmente, não carregam quaisquer pontos negativos para a formação do sistema imune do feto. Na verdade, a maioria dos animais que são acometidos destes tipos de anomalia são abatidos ou eutanasiados apenas por motivos estéticos.

Ectrodactilia - uma doença congênita genética.

Existe também a possibilidade das anomalias genéticas gerarem dois tipos distintos de anomalias:
O quimerismo e o mosaicismo. O quimerismo é quando dois embriões distintos se fundem enquanto o mosaicismo é quando um mesmo indivíduo apresenta também duas linhagens distintas de células, mas estas sendo resultantes das mutações nas células de um único embrião. O interessante sobre esses fenômenos é que aparentemente, o quimerismo é gerado por uma anomalia no sistema imune da mãe, que acaba resultando em uma anomalia congênita para o feto.
Cabra com quimerismo - doença congênita relacionada ao sistema imune. Só agora cientistas estão começando a entender o papel do sistema imune nesta patologia.

Durante as nossas pesquisas, chegamos a resultados surpreendentes! É que em pessoas que apresentam GHVD(doença enxerto-versus hospedeiro), como a esclerose sistêmica apresentam um número aumentado de TCD4+ em, feridas na pele com um consequente aumento da população de células resultantes do TCD4+, a TH1 E A TH2, distintas pela qualidade das citocinas produzidas. E acontece que isso é exatamente a mesma coisa que ocorre no microquimerismo! O que sugere que essa anomalia está relacionada sim, com algum tipo de anomalia do sistema imune.
tcd4+ - uma célula chave na divisão celular do sistema imune - Chave da chimera como doença imune?

Outro tipo de quimerismo é o que ocorre em gêmeos dizigóticos. Se ocorre a anastomose placentária, isto é, aunião das placentas, há consequentemente a troca de material circulatório. E isso se dá antes que o sistema imune atinja a imunocompetência, criando indivíduos com imunotolerância permanente.
As consequencias desse quimerismo para animais é praticamente nula. Eles podem sim ter vidas normais. E como devemos ter deixado trasnparecer em nosso blog somos a favor da vida dos nossos pacientes! Risos... Apesar de que, animais com quimerismo ou qualquer outra anomalia genética que cause IMPACTO VISUAL seja abatida e descartada em rebanhos de produção.
Diferença entre gêmeos monozigóticos e dizigóticos. Gêmeos dizigóticos - troca de material circulatório - imunotolerância.

Continuando com essa linha de doenças congênitas, chegamos a uma doença que é muito interessante e deve ser conhecida de todos aqueles felizes proprietários de gatinhos: a panleucopenia felina.
Transmitida através de fezes ou mucosas de gatos infectados, a panleucopenia felina é sim tratável se detectada nos estágios iniciais. É que tal doença ocorre velozmente. O vírus que penetra o animal (normalmente pelo focinho, olhos ou boca), começa a se alojar e se reproduzir em órgãos onde a divisão celular ocorre velozmente, como medula óssea, intestinos e gânglios linfáticos. A partir dai o animal sofre uma queda brusca nos glóbulos brancos, deixando o sistema imune fragilizado e propicio para o aparecimento de infecções e bactérias opportunistas. O gato então sofre perda de apetite, diarréia, vômitos, falta de ânimo. Mas não é só! A panleucopenia felina é responsável também por hipoplasias cerebelares quando congênita.
Mas calma! Para nossos fãs que não são estudantes de veterinária explicamos: a hipoplasia é a diminuição de um tecido. Pode ocorrer por radiação, anomalias genéticas ou má formação em decorrencia de infecção viral, como é o caso que estamos citando. E o cerebelo é responsável pela cordenação motora fina. Como o descer de uma escada ou o segurar de um lápis.
Cerebelo - responsável pela coordenaçlão motora fina.
Gatinhos com hipoplasia cerebelar são muitas vezes sacrificados - sem razão. A hipoplasia cerebelar não impede que o animal tenha uma vida normal e ativa, como a de todos os gatinhos! E lembrem-se a vacina tríplice felina protege sim contra a panleucopenia felina!

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Neste vídeo a apresentação de um simpático gatinho - Charley, que sofre de hipoplasia cerebelar em decorrência de uma panleucopenia: Preconceito não!

No caso dos gatos existe ainda uma doença que atinge o sistema imune e pode ser congênita: a AIDS felina. Causada pelo vírus da imunodeficiência felina (VIF), a AIDS felina age da mesma forma que o vírus da aids em humanos: atacanto a CD4+T, também conhecida como célula T ajudante, ou T HELPER 4+. E lembram-se o que essas células fazem? Ativam macrófagos, linfócitos T e linfócitos B. Ou seja, todo o sistema imune... Então um problema com a CD4+T significa um sistema imune deficiente que acabará cedendo a infecções oportunistas. A panleucopenia felina não tem cura conhecida AINDA e pode ser transmitida pela placenta ou colostro da mãe ao ter o filhote.
Ciclo de tratamento ou prevenção da AIDS felina.

Outra particularidade dos pequenos animais é o TVT - muito conhecido de nós, estudantes e veterinários. O tumor venéreo transmissível, o temido TVT é um tumor transmissível pelo contato sexual. A massa tumoral encontra-se nos órgão genitais e ao passar pela vulva, o filhote entra em contato com aquelas células, adquirindo então o tumor. Normalmente póde ser tratado por homeopatia, quimioterapia e cirurgia para retirada de massas tumorais.

Tumor venéreo transmisível - sim, pode atingir filhotes no momento do parto.

E lembram-se do que falamos post anterior? Água contaminada com bactérias, vírus, fungos, ambientes sujos contaminam também o filhote! Esse é o fator ambiente. Um ambiente bem cuidado resulta em melhores possibilidades de saúde e desenvolvimento sadio e forte para o animal.

É isso, gente!
Beijos, até o próximo post, quando trataremos sobre doenças hereditárias!
Equipe Imunologando.